quinta-feira, 22 de março de 2012

Marcelo Moreno: de vendedor de refrigerante a goleador


Contratado pelo Grêmio em dezembro, Marcelo Moreno tinha em mente apenas reencontrar os momentos de felicidade vividos no Cruzeiro. Para isso, conta, só precisaria fazer gols, o que não conseguiu nos últimos seis meses no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. O primeiro deles já saiu em Canoas, quarta-feira. Uma nova chance surge neste domingo, contra o Juventude, no Alfredo Jaconi. ZH conta algumas das histórias do novo centroavante gremista.
Vai um refrigerante?
A infância em Santa Cruz de la Sierra foi pobre. Aos 14 anos, Marcelo Moreno vendia refrigerantes em dia de jogos do Oriente Petrolero. Com o dinheiro, pagava as passagens de ônibus para treinar nas categorias de base. Queria seguir os passos do pai, Mauro, ex-juvenil do Palmeiras, um brasileiro que morou na Bolívia. Na união com a boliviana Ruth Moreno, nasceu o Moreno. Perto de completar 17 anos, Moreno foi trazido para o Vitória-BA por um empresário. Abandonado no primeiro dia, morou na concentração por seis meses.
— Ele me largou lá e eu me virei. Não tinha dinheiro para nada. Queria ir à praia e não conseguia — brinca.
Espírito solidário
A dificuldade na infância despertou em Marcelo Moreno o espírito de solidariedade. Em dezembro, na passagem pela Bolívia para rever familiares, o jogador compadeceu-se das dificuldades enfrentadas pelo Hospital Oncológico Infantil de Santa Cruz de la Sierra. Na hora, doou US$ 20 mil. Ao ler o material informativo do Grêmio, tomou conhecimento do Instituto Geração Tricolor, que ajuda a combater o trabalho infantil na Vila Cruzeiro do Sul e bairro Glória.
— Já fui convidado. Quando pegar um pouco de moral com os torcedores, quero ir lá conhecer — avisa o atacante.
Dunga diz não
Marcelo Moreno foi o primeiro estrangeiro a atuar por seleções de base do Brasil. Em 2005, disputou a Copa Sendai, no Japão, ao lado de Marcelo Grohe, hoje seu companheiro de Grêmio. Seu sonho era atuar pela seleção principal. Achou que a oportunidade viria depois da Libertadores de 2007, da qual foi um dos goleadores, atuando pelo Cruzeiro.
— Ouvi falar que Dunga me convocaria. Como isso não ocorreu, optei por atuar pela seleção boliviana, depois de consultar os familiares. Não estou arrependido — garante.
Ser feliz
Além do Grêmio, outros clubes se interessaram por Marcelo Moreno. Alguns deles, garante o jogador, prometiam pagar mais. Por que então a opção pelo Olímpico?
— Queria ser feliz como era no Cruzeiro, voltar a sorrir e fazer gols. Não vim pela questão financeira — diz o atacante.
Boliviano ou brasileiro?
Moreno passou 17 de seus 24 anos na Bolívia. Ainda assim, sente-se mais brasileiro. Curte o modo de vida do país, da paixão das pessoas pelo futebol, algo que diz não encontrar em seu país. Só que, curiosamente, apresenta-se como boliviano.
— Apesar de gostar mais do Brasil, digo que sou boliviano, já que jogo pela seleção de lá — explica em português, mas com um leve sotaque espanhol.

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